Com toda a visibilidade que ganhou nos Estados Unidos graças a sua participação no The Voice, Shakira foi convidada para ser capa da mais nova edição da revista ELLE. Na entrevista esclarecedora, Shakira fala pela primeira vez sobre o fim do relacionamento com Antonio de La Rúa e sobre como Gerard Piqué a abordou.
O Shakira Brasil traz com exclusividade para você o texto traduzido:
A música pop, este playground de vestidos de carne e sutiãs que soltam chantilly, raramente é lugar para o natural. Mas Shakira, nossa capa, há tempos tem sido a rara estrela com gosto por coisas mais discretas. “Acho que fui mais louca controladora no passado”, ela diz a Joseph Hooper. “Aprendi a lidar um pouco com isso, agora consigo relaxar” (difícil acreditar que tempo livre esteja em sua agenda, uma vez que a diva está gravando novas faixas, participando do The Voice, divulgando sua terceira fragrância, Elixir, e cuidando de seu filho de cinco meses de idade). ‘Natural’ não é um adjetivo que combina com o nome Paris Hilton, tampouco. Mas deixe que Sofia Coppola encontre um novo lado para sua herdeira – que faz uma participação como ela mesma no filme ‘A Gangue de Holywood’ – em seu exclusivo ensaio fotográfico na casa dos Hilton. Outra beleza natural vem direto da sensação do streaming House of Cards. É Kate Mara, cuja estagiária Zoe Barnes continua atraindo os viciados ao Netflix. O look mal-ajambrado de Mara na tela, ela conta para a ELLE, é extremamente calculado. “As pessoas me perguntam ‘porque você está usando aquela jaqueta do exército?’. Porque é real! É isso que se faz na vida real”.
A moda da vida real está fazendo um retorno renovador às passarelas neste outono, com investidas pra lá de usáveis no mundo dos esportes e casacos clássicos – destacados em nossa matéria sobre as coleções de Nova Iorque. Além disso, nossos acessórios favoritos ganham um visual diferente através das lentes do Instagram. Ao contrário da nossa capa cheia de opinião, elas vêm com filtro.
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No luxuoso pátio semi-tropical de um grande hotel com aparência moura em Pasadena, Califórnia, Shakira emerge debaixo de um pé de jacarandá rosa para me cumprimentar. Como grande parte do mundo sabe, ela chegou ao sucesso global à base de muita dança do ventre em 2006, no dueto com Wyclef Jean ‘Hips Don’t Lie’. Embora o abdome definido e os quadris poderosos estejam, no momento, cobertos, nada mais apropriado que a rainha cigana esteja em um palácio – mesmo que seja alugado, uma vez que a NBC escolheu o hotel Langham Huntington para divulgar suas atividades televisivas, incluindo a pedra mais brilhante em sua programação, o The Voice. Desde a adição de Shakira e Usher ao time de treinadores na quarta temporada, o programa se tornou o mais assistido dos Estados Unidos e televisão de primeira qualidade.
Shakira é, em pessoa, o que você chamaria de fofa de morrer: cheia de sardinhas, a já famosa juba de cabelo loiro e os enormes olhos castanhos, combinados com seu tamanho petit fazem com que ela pareça, aos 36 anos de idade, mais adolescente do que uma diva do entretenimento deveria. Três meses após o nascimento de seu primeiro filho, Milán, ela reclamou de volta sua figura esguia, esta tarde vestida em jeans skinny e uma camiseta tie-dye com uma estampa abstrata que ela me diz logo de cara que faz parte do desenho do tecido: “Isso não é trabalho do Milan, mas ele bem que vomitou em mim mais cedo”, ela diz, com uma risada musical. “Tudo se mistura e funciona”. O que chama a atenção, porém, é seu pesado cordão de correntes, que termina em uma caveira preta e vai até a altura do esterno. Um olhar mais cuidadoso revela que as correntes são cheias de diamantes negros. “Este é um presente do Gerard”, ela diz. Ela se refere ao grosseiramente lindo jogador espanhol Gerard piqué, dez anos mais jovem do que ela e pai de Milán.
Shakira é da costa colombiana do Caribe, famosa por seu apaixonado e até místico catolicismo, então estou mais acostumado com os cordões de cruz que já a vi usando em fotos. É destino?
“Sim, já pensei sobre isso”, ela diz, “penso ‘hmmm… caveiras’. Mas superstições à parte, é muito rock n’ roll. Muitas pessoas usam caveiras e não estão…”
“Mortas?”, eu completo.
“No fim das contas, todos estaremos”, ela fala, fazendo um pulo rápido entre moda e filosofia, “É uma questão de tempo”.
Ok, uma pausa aqui. A filha de um pai joalheiro libanês que montou loja em Barranquilla, Colômbia, Shakira Isabel Mebarak Ripoll teve em seu país natal o primeiro álbum de sucesso, Pies Descalzos, aos 19 anos, lá em 1996. Sua voz alta refrescantemente madura e apropriada para rock en español. No momento em que ela conseguiu seus primeiros álbum e single de sucesso nos Estados Unidos – em 2001, com Laundry Service e ‘Whenever Wherever’ – sua imagem, assim como seu inglês, tinham evoluído muito. Saíram o cabelo liso e preto e as fotos sérias, quase formais, e entraram a loura fatal e selvagem e a desafiadora linguagem corporal. Seu próximo disco, completamente em inglês, Oral Fixation Vol. 2, nos trouxe ‘Hips Don’t Lie’ e uma paleta musical global tão ampla – riffs sintetizados oriundos do Oriente Médio em uma faixa, flautas andinas em outra – que o The New York Times descreveu seu acleticismo admiradamente como “quase desvairado”. Ela era a globalização em carne e osso.
Sua vida pessoal também tomou forma com a virada do milênio. Ela gravava e saía em turnê constantemente, geralmente na companhia de seus pais (“acho que isso me preservou de todos os perigos do show business”, ela diz) e seu namorado de então, Antonio de La Rúa. O romance dos dois começou em 2000 como uma tempestade em copo d’água latina: O pai de De La Rúa, Fernando, estava no meio de seu breve e cheio de escândalos mandato como presidente da Argentina e, em um país arruinado por uma profunda crise econômica, era considerado amplamente inapropriado que seu filho estivesse rodando o mundo com uma pop star. Em uma cena memorável capturada em um documentário de 2004 (para aqueles que ainda compram CDs, ele está incluído no estimável pacote CD/DVD Shakira Live & Off The Record), a cantora discute com seu empresário americano para ela e sua banda enfrentarem a controvérsia de cabeça erguida e tocar em Buenos Aires: “Sou eu quem está suando como um porco toda noite naquele palco”, ela diz a ele. (a cena diz duas coisas: questões de honra moral são muito importantes para ela e ela aprendeu o inglês americano vernáculo muito rápido e muito bem).
Shakira é da costa colombiana do Caribe, famosa por seu apaixonado e até místico catolicismo, então estou mais acostumado com os cordões de cruz que já a vi usando em fotos. É destino?
“Sim, já pensei sobre isso”, ela diz, “penso ‘hmmm… caveiras’. Mas superstições à parte, é muito rock n’ roll. Muitas pessoas usam caveiras e não estão…”
“Mortas?”, eu completo.
“No fim das contas, todos estaremos”, ela fala, fazendo um pulo rápido entre moda e filosofia, “É uma questão de tempo”.
Ok, uma pausa aqui. A filha de um pai joalheiro libanês que montou loja em Barranquilla, Colômbia, Shakira Isabel Mebarak Ripoll teve em seu país natal o primeiro álbum de sucesso, Pies Descalzos, aos 19 anos, lá em 1996. Sua voz alta refrescantemente madura e apropriada para rock en español. No momento em que ela conseguiu seus primeiros álbum e single de sucesso nos Estados Unidos – em 2001, com Laundry Service e ‘Whenever Wherever’ – sua imagem, assim como seu inglês, tinham evoluído muito. Saíram o cabelo liso e preto e as fotos sérias, quase formais, e entraram a loura fatal e selvagem e a desafiadora linguagem corporal. Seu próximo disco, completamente em inglês, Oral Fixation Vol. 2, nos trouxe ‘Hips Don’t Lie’ e uma paleta musical global tão ampla – riffs sintetizados oriundos do Oriente Médio em uma faixa, flautas andinas em outra – que o The New York Times descreveu seu acleticismo admiradamente como “quase desvairado”. Ela era a globalização em carne e osso.
Sua vida pessoal também tomou forma com a virada do milênio. Ela gravava e saía em turnê constantemente, geralmente na companhia de seus pais (“acho que isso me preservou de todos os perigos do show business”, ela diz) e seu namorado de então, Antonio de La Rúa. O romance dos dois começou em 2000 como uma tempestade em copo d’água latina: O pai de De La Rúa, Fernando, estava no meio de seu breve e cheio de escândalos mandato como presidente da Argentina e, em um país arruinado por uma profunda crise econômica, era considerado amplamente inapropriado que seu filho estivesse rodando o mundo com uma pop star. Em uma cena memorável capturada em um documentário de 2004 (para aqueles que ainda compram CDs, ele está incluído no estimável pacote CD/DVD Shakira Live & Off The Record), a cantora discute com seu empresário americano para ela e sua banda enfrentarem a controvérsia de cabeça erguida e tocar em Buenos Aires: “Sou eu quem está suando como um porco toda noite naquele palco”, ela diz a ele. (a cena diz duas coisas: questões de honra moral são muito importantes para ela e ela aprendeu o inglês americano vernáculo muito rápido e muito bem).
O romance de uma década com De La Rúa se provou incrivelmente estável. “Antonio, meu pai e minha mãe são como a santíssima trindade”, ela os descreveu certa vez. Mas é uma mostra de quanto sua vida mudou desde o lançamento, quase 4 anos atrás, de seu mais recente álbum em inglês, She Wolf, que De La Rúa esteja agora a processando por 250 milhões de dólares. Ele diz que negociou seu contrato lucrativo com a empresa de elite Live Nation e que por isso tem direito a uma grande parcela de seus ganhos com ele. Ela argumentou em corte não muito tempo atrás que o processo deveria ser abandonado, que ela só deu a ele algumas responsabilidades limitadas porque na época ele não tinha muito o que fazer. “Ele é persona non grata”, Shakira diz hoje, suave mas agressivamente. “Quero dizer, ele era um consultor como os muitos outros que tenho em meus negócios. Ele nunca foi meu empresário, nunca meu sócio – mas também ganhou dinheiro com meus negócios, e no fim das contas isso te faz questionar se a pessoa está com você pelo que você é ou se tem algum outro motivo. É muito surpreendente que ele queira mais dinheiro. E triste, também”
Mas não chore por Shakira, America. Com apenas uma temporada no The Voice (ela planeja voltar na próxima temporada) ela se tornou uma presença encantadoramente charmosa em nossas salas, treinando os cantores do Team Shakira, que enfrentam os melhores doTeam Adam, Team Blake e Team Usher. (quando pergunto a Levine se algum dos treinadores tem uma paixãozinha por Shakira, ele responde: “Vamos lá, existe alguém no mundo que não tem?”. De sua parte, ela diz “em geral, acho que tenho tratado os rapazes com clemência”). Então, novo programa, novo bebê (Milan é um visitante regular do set do The Voice), e sim, novo homem.
Quando brinco que Piqué é um membro do Team Shakira, ela é rápida a me corrigir: “Bom, em primeiro lugar, Gerard não é Team Shakira, ele é Team Barcelona, e na verdade essa é uma das coisas mais saudáveis da relação. Ele tem seu próprio mundo e eu sei que ele é aquela pessoa que está comigo não por causa de qualquer outro interesse que não seja o amor que nos une. Não há nada que eu lhe possa oferecer além da minha feminilidade. Essa palavra existe em inglês?”
“Não quero soar cínico, mas você costumava dizer coisas lindas sobre Antonio”, me arrisco.
“Porque, claro, eu o amava. Mas o amor nem sempre vem com pacote completo. Desta vez, veio. Desta vez sorrio com meu sorriso completo, não com metade dele, como costumava. É engraçado, Gerard e eu nascemos no mesmo dia, 2 de fevereiro. E nós somos tão similares em tantos aspectos de nossas personalidades, mesmo nos aspectos dramáticos. De outra forma, não haveria os Goyas do mundo, ou García Lorcas, aqueles escritores incríveis. Por alguma razão, está no DNA da cultura. Então somos duas pessoas intensas, e é uma relação intensa. Mas, estranhamente, há muita harmonia entre nós. Mesmo embora ele venha do mundo dos esportes e eu, do mundo do espetáculos e da arte”.
Shakira domina tão bem a arte de se confessar de forma aparentemente inconsciente em suas letras e entrevistas, que o efeito é algo como tomar café com um incrível colega de turma em sua oficina de redação, se prendendo a cada palavra conforma ela conta os detalhes de seu mais recente romance. “Ela sempre foi desta forma”, conta seu baterista de longa data Brendan Buckely. “A maior ou menor coisa que a afete ao longo do dia, se você estiver em seu círculo mais próximo, você também sente” (seus 20 milhões de seguidores no Twitter sentem um pouco disso).
Shakira belisca uma sobremesa de chocolate – um de seus poucos vícios. “Minha mãe me ensinou a amar doces”, ela diz. “Que maldição é isso!”. Então ela me conta sua história de amor. Em 2010 ela criou número infeccioso, ‘Waka Waka (This Time for Africa)’, que ela de alguma forma sabia que seria a perfeita música-tema para a Copa do Mundo daquele ano, que aconteceria na África do Sul. Para o vídeo, os organizadores do torneio forneceram diversas estrelas do futebol, incluindo Piqué, um defensor robusto do Barcelona FC que foi escolhido para a seleção da Espanha. Quando ele e Shakira se encontraram (pela segunda vez) na cerimônia de abertura, ela conta, Piqué, nada impressionado pela diferença de idade entre os dois ou pelo fato de ela estar em uma relação de longo tempo amplamente divulgada, disse para ela: “’Vou vencer a Copa do Mundo para poder te ver mais uma vez na cerimônia de encerramento’. E ele venceu, e eles são atualmente os campeões do mundo e você sabe que não posso te contar mais nada depois disso”.
O vídeo de ‘Waka Waka’ é bem menos privado: Ele já foi visto mais de 425 milhões de vezes no YouTube, o que o torna o sétimo vídeo mais assistido do site. Uma coisa curiosa aconteceu com Shakira enquanto ela fazia a transição entre ser uma artista estritamente latina e uma que canta em inglês: Ela começou a incorporar elementos de música folclórica não apenas da América Latina, mas de todo o mundo – e se tornou um fenômeno global. “paradoxal”, ela diz. E lucrativo: Levando em consideração vendas internacionais, ‘Hips Don’t Lie’ é um dos singles mais vendidos no mundo desde 2000.
Estes dias, a vida de Shakira está centrada em Barcelona, a Espanha, onde a agenda futebolística de Piqué o mantém preso (“ele é como um soldado”) e o casal tem uma casa. Apenas seu zelo pela logística perfeita tornava impossível que ela equilibrasse o The Voice, a maternidade e seu romance com Piqué – ainda aparentemente em sua fase ardente, o que pode cair como uma surpresa para todas as mulheres no mundo que já cuidaram de um bebê. No último outono, Shakira filmou os primeiros meses das audições às cegas do The Voice enquanto estava grávida e, como ela própria descreve “bem inchada”. Então, ela pode retornar para a Barcelona e Piqué por alguns meses antes de voltar para Los Angeles em abril para terminar o programa, com Milan a tira colo. As últimas gravações do The Voice, culminando com a final, vão exigir, como ela diz, seis semanas longe de casa. “Isso vai ser bem difícil, porque não poderei ver o Gerard”, ela diz. “E ele não vai poder ver o filho. É terrível para nós dois porque… estamos tão acostumados a ficar junto o dia todo.”
Quando perguntada sobre a maternidade, Shakira não recorre a desculpas: “Ainda estou tentando entender. E tenho a sensação de vou continuar tentando pelo resto da minha vida. Algumas pessoas falam como se fosse muito idílico, alguns falam como se fosse uma tortura, mas não é nem uma coisa nem outra. É como a vida, vem com tudo” Em Barcelona, a vida em família, como todas as outras coisas, faz mais sentido. “Não poso dizer que passo mais tempo com meu bebê do que Gerard. Ele é muito ligado e envolvido. Ele troca as fraldas e adora dar banho e ler para ele”
“Que coisas novas você aprendeu sobre amor nestes últimos anos?”, pergunto. “no fim das contas, desde que você era uma adolescente, este tem sido o maior assunto da sua música”
“Mas não para escrever uma dissertação. Hmmm… Acho que se você pode provar a existência de Deus, ela só pode ser provada através do amor. Eu até perdi minha fé por um tempo. Estava me tornando agnóstica. E foi muito difícil, porque sempre fui muito religiosa, e por alguns anos, talvez por que – isso soa tão piegas – não estava sentindo o amor como deveria, comecei a acreditar que não havia Deus. E daí de repente eu encontrei Gerard e o sol saiu” (este é o título de seu mais recente disco, Sale El Sol, de 2010. Seus sentimentos por Piqué são a corrente lírica que corre pelo disco).
O dia seguinte traz uma mudança de ferramentas e de cena – Os estúdios da NBC em Burbank, California, onde Shakira está treinando quatro de seus cantores do Team Shakira. A filósofa de cafeteria está de folga, então é a humanitária cuja Fundación Pies Descalzos, dirigida em Bogotá por uma ex-ministra da educação, construiu e agora opera seis escolas em regiões pobres e, frequentemente, violentas, da Colômbia. (“com o Presidente Obama eu tenho um emprego na Casa Branca”, ela fala, sem se gabar. “Sou consultora nas iniciativas pela excelência educacional para hispânicos”)
Esta tarde, Shakira, a trabalhadora, está com as mãos na massa. Nas transmissões do The Voice, estas sessões serão editadas para trechos de um minuto que precedem as performances dos cantores, mas presenciadas em tempo real, são séries de 15 a 30 minutos de aulas maravilhosamente intensas que poderiam ser colocada numa cápsula do tempo e etiquetadas “Como a música pop era feita em 2013”. É a ideia genial do programa: pop de qualidade exige trabalho duro, em oposição ao imediatismo do American Idol, em que música é algo que ocasionalmente se destaca entre brigas de divas.
Dentro do estúdio 11, que se assemelha a um celeiro, Shakira coloca as mãos no piano do participante Garrett Gardner para conseguir sua atenção. “preciso que esta performance seja veemente”, ela o instrue. É um pouco surpreendente que Garrett ainda esteja na competição a esta altura – ele tem apenas 17 anos e no ano passado sequer passou pelas audições às cegas. Mas ela vê algo nele – uma sensualidade vocal latente que ela já comparou com a de Jim Morrison. (ela deve saber: Depois de Morrison, poucos usaram calças de couro no palco com mais segurança do que Shakira). Para a próxima performance de Garrett no programa, Shakira escolheu ‘Imagine’, de John Lennon. Não é uma canção roqueira, mas uma que precisa de intensidade. “Você pode pausar aqui”, ela diz para Gardner, que já passou pela música cerca de três vezes. “É legal quando o artista faz um momento ‘o piano e o mundo podem esperar por mim’. Não se preocupe, não é blasfêmia. Ele [Lennon] estaria muito orgulhoso, onde quer que esteja”. Alguns dias depois, Brendan Buckely me diz: “É assim que ela faz música, cavando e repetindo de novo e de novo até dar certo”
Em seu próprio trabalho, seu perfeccionismo a serviço de uma amplitude estilística tão grande pode ser uma faca de dois gumes. Pegue como exemplo She Wolf, de 2009, que explorava uma linha tênue entre dance music com influência europeia de vanguarda e cafonice de bom coração.O que para outro artistas teria sido apenas um projeto meramente comercial e modista foi para ela “uma sublimação das minhas fantasias” sobre ser uma fera sensual em busca de um homem. (não tenho certeza que De La Rúa poderia ter deixado passar letras como esta: “Começo a me sentir um pouco explorada/ Como uma máquina de café num escritório/ Vou para um lugar aconchegante arranjar um amante / e te contar”). O vídeo de She Wolf celebra a feminilidade liberada com Shakira escapando de uma jaula de metal e uma caminhada por dentro de uma vagina gigante. (“não é uma vagina”, ela protesta, “é um túnel feito de lava, para mecher com sua cabeça”)
Eu puxo o encarte do Cd de She Wolf, com o retrato de Shakira como um alter ego ferino. “A fera foi domada”, ela diz, rindo. “Sou uma loba domesticada agora”. Mas não no estúdio, ela diz. Ela está gravando faixas “indiscriminadamente” sempre que consegue um tempo no estúdio, seja em Los Angeles, Barcelona ou nas Bahamas, onde ainda possui propriedade – um resquício da era De La Rúa. “Não tenho ideia de onde quero ir musicalmente, mas me sinto livre desta forma. Não preciso me manter fiel a nenhum conceito”
TODOS OS CRÉDITOS PARA: SHAKIRA BRASIL
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